quinta-feira, 27 de setembro de 2007

(Re) nascimento

Quando penso que sou senhora de mim
mesma e quando a sombra da noite (em
lençóis tímidos de vento) se desfralda no
vôo do amor começo a rever-me num
espelho de lagos-ninfas e rosas muchas
se tornam luzes de renascimento.
Maria Maria

domingo, 23 de setembro de 2007

Passos

Passos, passos...

Minha direção inexiste.

Somente o que me alinha

(nesse desalinhamento de mim)

é a sombra de minha voz

que ecoa em voz afrodítica

o canto rouco da coruja.

Maria Maria

Banho de leite


Para a poeta Jeanne Araújo


Minha vida é um fado. Tão romântica que

chego a me sentir em Lisboa, caminhando

pelas ruas tímidas daquele lugar (um pouco patrício).

Tenho "insights" submissos. Nem sempre, mas os tenho:

cuidar das partes íntimas da casa que me acolhe, da comida

que alimenta os entes e da cama, cujas noites solitárias

carecem desse pouco de submissão que, ainda, me resta.

Às vezes, toco fogo em meus velhos retratos de dona de casa.

O avental (que nunca me serviu), os paninhos higiênicos

(que nunca precisei usar) e aquela camisola amarrotada que

você tanto gostava e sempre me dizia, quando eu desfilava com

ela pelo quarto: "você lembra o jeito de mamãe". Passou!!!

Agora, com ou sem camisola, desfilo pelo meu quarto e o meu

companheiro (por ora inexistente) me fala sorrateiro com o

olhar: "tire a roupa, você lembra Cleópatra". E eu, envaideida,

tomo um longo banho de leite e sou deusa de mim mesma.


Maria Maria

sábado, 15 de setembro de 2007

EQUADORES

Preciso realinhar meus equadores,
minhas linhas sazonais, meus reflexos solares,
meus lençóis lunares...

Preciso abraçar a lua
e debrucar-me nua
sobre seus litorais.


Maria Maria

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Nós (em nós)



De raíz em raíz,

a folha a tarde molha,

morna (a tarde)

em pingos de orgasmos verdes.


Maria Maria