segunda-feira, 28 de maio de 2007

Sepultei a borboleta

Sepultei a borboleta!
Meu corpo jaz em silêncio
por sete dias.

As asas em morte,
na pedra opaca do teu tórax,
fazem refrão
da melodia.

Sem crisálida,
sem metamorfose,
sou um facho de luz
em agonia.


Maria Maria
Fálicos

Quero escrever
com meus dedos
a língua que falo.

Que falo!
Falo, pois toca
a língua

dos meus dedos.

Quero dar-te
um beijo de língua
com a ponta

dos meus dedos fálicos.


Maria Maria

domingo, 20 de maio de 2007

O que eu faria?


Um vestido de chita usaria
Tecido com fios de céu e vento.
Andaria pela rua em fantasia
Sem lembrar da dor e do tormento.

Usaria sapatos brilhantes
Pés-de-asas serelepes.
Uma bolsa de cristais saltitantes
Para colher flores campestres.

Seria então cidadã da terra
Misto de mulher e menina
Ou poeta que acerta e erra
Catando um verso pra essa rima.

Seria então Maria ou Carolina
Entre tantas as que conheço:
Isabela, Anabela, Marcolina.
Simplesmente Mulher, é o que mereço.

Maria Maria

quarta-feira, 2 de maio de 2007

Leito de chuva X cama de sol

Dormirei serena nesse leito de chuva até que a manhã, numa cama de sol, me saúde com cantos de rouxinol. Não importa a cor da melodia, nem o deserto que virá depois, não importa a luz, mesmo que ela me antecipe se será morno ou frio, aquele dia. Não me interessam as previsões temporais, (talvez quebre o pluviômetro) nem as notícias de que a quietude apagara as páginas de ontem. Não importa as horas mortas. O que me aflige ou que me rouba as ilusões é o desenho da fala fria de tua voz, dizendo ser natural a desilusão.
De que adianta meteoritos, estrelas cadentes se, cá dentro, ouço trovejar meu coração?Tenho medo da dor, do estrago, desse afago, de um amor mudo. Tenho medo do tudo que vive nessa palavra (amor). Queria apagar meu mundo, ou parte dele. Descanalizar o sangue quente das minhas vias, embalar-me numa rede de canção. Queria tomar o vento, senti-lo na imensidão da palavra e tornar-me marinheira de muitas viagens. Queria aportar num porto (talvez seguro, talvez!). Se possível fosse, sairia de mim, numa viagem transcendental... e a outra parte que restasse desse corpo, jaz inóspito, seria legado da terra, do chão que me viu nascer.
Contudo os desejos são idéias, não têm forma, nem retratos, nem imagens (concretas), nem virtudes e vícios. Os desejos são vazios, ocos, sem medula...
Dormirei, ainda assim, nesse leito de chuva, na mesma cama de sol, no lençol que cobriu seu pênis úmido de prazer. Deitarei sobre o colchão, meu paparazzi, lamberei o que restou de tua saliva e deslizarei a língua no esperma que seu membro deixou. Farei um show para mim mesma: tirarei as vestes vermelhas, jogarei a flor no chão, passearei a mão em mim mesma, serei orgasmo, tara, volúpia, êxtase, tesão.

Maria Maria
FANTASIAS DO OLIMPO

Quando estava sobre você:
Afrodite;
Quando deitava sobre mim:
Teseu;
Quando planejei:
Perséfone;
Quando rompeu:
Prometeu;
Quando me despi:
Deméter;
Quando me devoraste:
Zeus;
Quando adentrei a gruta:
Vênus;
Quando me mataste:
Perseu.


Maria Maria