domingo, 19 de abril de 2009


(Des)oriente

Nada me retoma
do tempo das fogueiras:
tiro a roupa, o fogo me espera.

Cada certeza e cada afago
é uma espiã
desvairada.

Tenho a dúvida
como inconsciência
do que sou.

Cada espera
é uma esfera
de luzes e sombras.

Não entendo mais de bússolas
estou em estado
de (des)oriente.

Maria Maria

quinta-feira, 16 de abril de 2009


Gosto da poesia e música
de Oswaldo Montenegro. Segue,
então, um dos poemas- canções
que eu entendo como lírico-erótico.

Virgem (Oswaldo Montenegro/Mongol)


Ela era virgem
E o vento alisava seus pelos pr'ela suspirar
E era um namoro selvagem de sexo de ventania
E quando o vento não vinha
Ela mesmo corria pra ventar
Ela era virgem
E o mar só lambia suas coxas pr'ela se molhar
E ela era só maresia em dia de tempestade
Ela deixava a cidade e abria suas pernas para o mar
E roçava os cães com a pele cálida
Pássaros na mão, cobras no ar
E amava tigres e leões, gatos nos porões
E à noite dormia encharcada

sábado, 11 de abril de 2009


Chuva de abril no Seridó

Dó ré
mi
fá sol

si
bila a chuva
sem sol.
E a chuva
toc, toc...
vai compondo
sinfonias nas teclas
do meu telhado
nesta noite em que
a Vésper fa
la mansamente à lua
que a maré tem dó,
de mim.

Maria Maria

quinta-feira, 2 de abril de 2009


CANÇÃO DO TEMPO DOCE

Às duas da tarde
o quebra-queixo
é vendido pelo doceiro,
e o tempo doce de coco,
o tempo ameno de amor
vai se desmanchando
em guloseimas e babas
que escorrem pelo canto
mais escondido,
da boca.

Maria Maria

Foto:Romance in red" de Alfred Gockel