quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dizeres


Eu teria tanto a te dizer:

se não fosse o arco em teu dedo,

se não fosse minha voz que emudece,

se não fosse o tempo tímido,

se não fosse o medo de perdê-lo inteiro,

se não fosse a insegurança em falar-te,

se não fosse o desejo incontido de me jogar a teus pés,

se não fosse a aurora da manhã que chega rápida demais,

se não fosse

se não

se...

fostes!

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A árvore de Natal de minha infância não era alta como os pinheiros europeus. Não tinha longas folhagens brancas de neve, bolas de cristais coloridas e nem festões comprados nas lojas da cidade. Não. Era uma árvore feita pela minha mãe, com algodão-mocó enrodilhando os galhos de cipó do mato, pendurando cascas de ovos pintadas com tinta imitando as cores da festa. Uma árvore bastante seridoense! Na noite de Natal, eu vestia meu melhor vestido, meu sapato branco de lacinho rosa e minha meia de renda. Usava no cabelo liso e longo, uma fita cor de rosa combinando com o laço do sapato e um brinco de ouro em forma de balãozinho. Na Noite de Natal, eu era a menina que queria ver o Menino Jesus. Hoje, o meu Natal não é o mesmo do tempo em que eu sonhava com as borboletas. É um momento em que as minhas esperanças de ver o mundo melhor aumentam e começo a enxergar o Menino Jesus com olhar de quem acredita que o homem tem jeito, que eu tenho jeito, que todos nós temos chance de consertar o que já fizemos de ruim para o planeta. Feliz Natal e Feliz Ano Novo! Maria Maria

sábado, 3 de dezembro de 2011


Antídoto

Para salvar o amor;
uma dose de acalanto:
mistura fatal de volúpia e canto
na ânsia de aniquilar o dissabor.

Para acabar com a dor,
a lágrima, o medo, o pranto:
carinho, ternura, paixão encanto
sem haver vencido ou vencedor.

Que veneno, que química me abrasa,
que me corrói tal qual dor dolorida?
Onde anda a paixão, bicho de asa,
nesse vale de amor sob medida?

E, se dos olhos a lágrima vasa,
como quem sente a alma combalida,
não detenha o choro, nem volte pra casa
são soluços da alma adormecida.


Maria Maria

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Caros amigos e amigas,

Com único intuito de divulgar os grandes escritores
e grandes livros Potiguares , agora existe um espaço para valorizar as nossas obras literárias.

Peço a vocês , que divulguem esse trabalho sem fim lucrativo, que quer apenas valorizar as obras da nossa terra. Todos os homenageados vivos, estão sendo comunicados e estão muito felizes .

Muitos dos grandes livros e autores do RN precisam ser reeditados e relançados urgentemente, é preciso chamar atenção dos governos estadual e municipal para essa causa .
Essa luta é de todos os Potiguares

101 livros do RN (que você precisa ler).


http://101livrosdorn.blogspot.com/

Leiam hoje e repassem !

sábado, 29 de outubro de 2011


Dúvidas

Às vezes duvido do poder
do pensamento
e, tal qual pássaro amarelo,
duvido do azul do céu,
do brilho das estrelas,
do reflexo do sol,
do raio e da luz.

Duvido da ânsia
de ser humana no universo
da mulher moderna.
Duvido da fúria do trovão,
da sede que sente o cacto,
da dor de tornar-me obsoleta
em décadas futuras.

Duvido do viço da minha pele
inabitada por fendas oblíquas,
do suor que desliza rio
pelo meu corpo.
Duvido do que sou nessa hora
sem tempo.
Duvido do tempo.

Tenho apenas uma única certeza:
Uma poeta dorme em mim,
em dúvida.

Maria Maria

sábado, 15 de outubro de 2011


Obediência

É hora de rasgar tuas vestes com os dentes, mãos, bocas...

Arrancar de ti os teus impedimentos:
um arco sem gravação,
a chave de tua casa,
- carne e sangue-,
o pijama curto e discreto.

Para que tanto algodão?
teu pelo já me acaricia a alma
e é dele que preciso.
É hora de te livrares das palavras
que te aprisionam.

É hora! Tira-te de ti mesmo e não me irrites!

Obedeces a minha boca
ou
então te trairei com um
novo poema que comecei
a escrevê-lo, segundos atrás.

Maria Maria

domingo, 2 de outubro de 2011


DE TANTO ESPERAR

De tanto esperar tenho teias pelo meu corpo:
aranhas, fios, lãs, besouros
todos ,
fazendo poemas e recitando dores desiguais.

Meu sangue não é azul
como o das consulesas,
meu sangue tem cor
de ausência.

Eu sei...
sei da prisão
que é ser incompleta
e da alforria que me aprisiona.

Isauras não existem
Só o tempo se desconfigura e desmancha as teias
que tenho pelo corpo, de tanto esperar!

Maria Maria

domingo, 18 de setembro de 2011


Poema para o amor no mar

Equilibro meus oceanos,
controlo meus sinais,
do farol, só luzes
da praia, só grão.

Jorro-me doce!
O açúcar banha o mar
e adoça-nos, nus
sobre as águas de Natal.

Maria Maria

Foto: Canindé Soares

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Oi, pessoal!

Esta é a cara do Brasil. Veja o link:
http://bebiaguadechocalho.blogspot.com/

Obrigada pela atenção!

Maria Maria

sexta-feira, 12 de agosto de 2011


Presente

Papai um dia
me disse:
“Filha, toma a vida
de presente!”

E eu,
displicente,
peguei-a pela
mão.

Papai estendeu-se
mais ainda:
“Filha, toma as rédeas
da situação!”

E eu, que às vezes fico
por um fio,
peguei docemente os desafios
que papai pôs em minhas mãos.

Maria Maria

Foto: Teresa Suzana

segunda-feira, 1 de agosto de 2011


Extensão

Por toda a extensão
da tarde
que me nubla
vejo signos
nessa
estrada vespertina
de palavras.

Maria Maria

sábado, 16 de julho de 2011


Queridos amigos,

O lançamento do meu livro de poesias Outônicas foi lindo!!!
Muita arte pulsando!
Obrigada a todos que prestigiaram o evento.

Os livros podem ser vendidos via postal. Os interesados podem
entrar em contato comigo pelo e-mail mariapoetamaria@yahoo.com.br

Beijos

quinta-feira, 7 de julho de 2011


Caros leitores e amigos,

Venho confirmar o convite para o lançamento de Outônicas, meu primeiro livro no gênero poesia.

Quando? dia 13 de julho
A que horas? 19horas
Onde? no Pop Lanches, em Currais Novos, RN

A presença de vocês será uma grande honra para mim.

Maria José Gomes (Maria Maria)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Caros amigos e leitores,

No dia 13 de julho de 2011, às 19h, acontecerá o lançamento de mais um livro, desta vez de poesias, o tão esperado Outônicas. Esta obra foi editada pelo Sebo vermelho, de Abimael Silva, por aí, veja a qualidade. Pois bem, faço aqui nesse e em outros espaços o convite a todos os amantes da literatura para prestigiarem mais um evento que acontecerá no Pop Lanches em Currais Novos. A festa será regada à poesia, MPB, teatro e muitas outras atrações, além da apresentação do livro. Conto com a presença de vocês!

Um abraço,

Maria Maria

quarta-feira, 15 de junho de 2011


Flores e espinhos

Um cacho de amores
se despetala.

Não tenho muitas
flores para oferecer.

Talvez espinhos
e brotos

-que nunca se abrem-

possam fazer rosa,
a violeta.

Mas tenho a pressa:
de oferecer o desejo,
a pele, o cheiro e
deixar violeta-rosa
aquele velho espartilho
de cintas-ligas negras
marcadas no diário das
nossas doces ilusões.

Maria Maria

Crédito da foto: web

quinta-feira, 19 de maio de 2011


Em que águas navegas hoje?

Preparei-me desde logo,
muito cedo, ao acordar do sol.

Mercúrios e saturnos
e martes e vênus
e todos os deuses e deusas
olhavam-me
-boquiabertos-
do Olimpo.

No Olimpo
- seridoense-
tem seres míticos:
Narcisos,
Sílfides
e Marias.

Tem também
algarobas retesadas
e brotos que se insinuam
para a lua.
Tem currais
Tem porteiras.

Preparei-me desde logo,
minha sede- açude sangrava e sangrava-me,
esperando a tua chegada,
à noite, barco do outro lado do rio!
Em que águas navegas hoje?

Maria Maria

Foto: Alex Gurgel- Natal-RN

sexta-feira, 29 de abril de 2011


O dorso dos anjos

Minhas asas foram cortadas
-ao nascerem, sob a lua-
naquele quinto de hora noturna.

Parte delas esvoaçava-se pelo chão.
Só penas e eu
sentimos pena de mim.

Com o tempo
- o tempo passa-
refiz meu dorso.

E minhas penas,
antes, espalhadas pelo chão,
viraram livros e voam na imensidão.

Maria Maria

sexta-feira, 22 de abril de 2011


Lugares

Hoje não é dia de receber cartas!
Talvez amanhã,
quando as palavras
se sentirem órfãs
de sentido ou
quando suas asas
puderem me levar
para os lugares
mais recônditos
de mim.

Maria Maria

terça-feira, 12 de abril de 2011


Anestésica

O reencontro com a tarde anestésica
me permite lembrar:

uma gota azul de chuva,
o canto singular de um galo,
uma queda repentina na cor do tempo,
o som masculino de trovão.

Lembro-me da rede-algodão,
da tarde seridoense e do meu lençol
xadrez-rosa-branco, amaciando
o meu sono-menino.

Maria Maria

quinta-feira, 7 de abril de 2011


Bicho

O amor me ronda,
feito bicho no cio,
mas estou indeterminada.

Não sei...
se amo mais o vento
ou a liberdade de voar".

Maria Maria

Foto: net

domingo, 27 de março de 2011


Menino alígero

Há um menino alígero
recriando ficções!

E que ficciona
meu não querer.

Em minha direção
sua seta grávida de amor
serpenteia na busca de acertar o desamor.

Não estou fértil nesses tempos:
o amor não pode ser gerado no útero
do meu peito. Agora.

Espero a festa da fertilidade!
A celebração será festejada
quando a mesa estiver posta.

Maria Maria

Foto: http://reuniaodoclube.blogspot.com

sexta-feira, 18 de março de 2011


Sentidos sentidos

Ainda permanece avoante
o teu cheiro, o teu pelo fino
sobre a cadeira

Ainda vive o sussurro
último e íntimo
de tua voz

-em meu ouvido-

Ainda regozijam
as batidas do meu coração
em teu compasso

Ainda há água sobre a água
de minhas nascentes
que te banham

Resta-me inteiro
em cada poro e em cada esfera
de mim.

Maria Maria

Foto: net

sábado, 12 de março de 2011

Telefonema

Liguei para o passado certa manhã adormecida:
telefone vermelho
de círculos numerados.

Fiz a lista das consultas
- no oráculo do tempo-
e refiz minhas leituras.

Ao olhar para trás,
não virei pedra.
O passado Já havia adormecido.

Como aquela manhã que dormira silenciosa
tomei o prumo do vento
e segurei as rédeas do meu futuro.

A estrada é longa,
mas meus pés estarão firmes
para a caminhada.

Maria Maria

Homenagem ao Dia 14 de março - Dia internacional da Poesia

sexta-feira, 11 de março de 2011


DIA DA POESIA EM CURRAIS NOVOS - 14 DE MARÇO DE 2011


O Grupo Casarão de Poesia e artistas curraisnovenses farão homenagem ao Dia da Poesia com caravanas e apresentações ao ar livre, além de mesa redonda. Na ocasião o poeta Antonio Francisco, de Mossoró participará como mestre e representante do movimento cordelista durante todo o dia de segunda-feira. O poeta foi escolhido para o ano de 2011 haja vista que em 2010 o tema foi a Poesia de Zila Mamede. Toda a comunidade está convidada a participar deste evento para o fomento da cultura potiguar.

Por Maria Maria

domingo, 6 de fevereiro de 2011


Domingo pela manhã

Embora seja domingo
e eu não lhe sinta empatia
e nem goste se seus sabores,
não ausento-me,
estou manhã, hoje!

Maria Maria

domingo, 30 de janeiro de 2011


Palavras

Hoje percebi que as palavras
se colocam.

Não sou eu quem as pronuncio
ou escevo.

As palavras se espremem
-muitas vezes-
em meio a pensamentos.

E acabo pensando que
duelam comigo.Talvez!

Porém, nesse jogo,
quem dá as cartas sou eu:

a ponte,
o veio,
o rio,
a enchente.

Só navegam em minhas margens
o que eu determinar como galho,
como tronco e suporte para
uma realidade inteiramente pessoal.

Maria Maria