sábado, 29 de outubro de 2011


Dúvidas

Às vezes duvido do poder
do pensamento
e, tal qual pássaro amarelo,
duvido do azul do céu,
do brilho das estrelas,
do reflexo do sol,
do raio e da luz.

Duvido da ânsia
de ser humana no universo
da mulher moderna.
Duvido da fúria do trovão,
da sede que sente o cacto,
da dor de tornar-me obsoleta
em décadas futuras.

Duvido do viço da minha pele
inabitada por fendas oblíquas,
do suor que desliza rio
pelo meu corpo.
Duvido do que sou nessa hora
sem tempo.
Duvido do tempo.

Tenho apenas uma única certeza:
Uma poeta dorme em mim,
em dúvida.

Maria Maria

sábado, 15 de outubro de 2011


Obediência

É hora de rasgar tuas vestes com os dentes, mãos, bocas...

Arrancar de ti os teus impedimentos:
um arco sem gravação,
a chave de tua casa,
- carne e sangue-,
o pijama curto e discreto.

Para que tanto algodão?
teu pelo já me acaricia a alma
e é dele que preciso.
É hora de te livrares das palavras
que te aprisionam.

É hora! Tira-te de ti mesmo e não me irrites!

Obedeces a minha boca
ou
então te trairei com um
novo poema que comecei
a escrevê-lo, segundos atrás.

Maria Maria

domingo, 2 de outubro de 2011


DE TANTO ESPERAR

De tanto esperar tenho teias pelo meu corpo:
aranhas, fios, lãs, besouros
todos ,
fazendo poemas e recitando dores desiguais.

Meu sangue não é azul
como o das consulesas,
meu sangue tem cor
de ausência.

Eu sei...
sei da prisão
que é ser incompleta
e da alforria que me aprisiona.

Isauras não existem
Só o tempo se desconfigura e desmancha as teias
que tenho pelo corpo, de tanto esperar!

Maria Maria